quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Fino

Fino.
Sim, mais um fino.
Que música é esta?
Ah, pois são.
Dá-me lume.
Ando a fumar demais.
E pipocas?
Tens pipocas?
Isto hoje está murcho.
É a cidade.
Cidade fantasma.
Aos Sábados é melhor.
Amanhã venho cá beber um fino.
Mas vou-me embora cedo.
Para casa.
Ou então de manhã.
Não gosto de sair daqui de manhã.
Mas às vezes gosto de sair de daqui de manhã.
A ouvir os pássaros.
É como uma ressurreição.
Lázaro.
Sai do Zincos.
E vai para casa.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Radiohead - Street Spirit (Fade Out)


Ao entrar vejo-te no lugar do costume. Pediste a bebida de sempre. Dirijo-me ao balcão e peço o mesmo de sempre para mim. Depois sento-me junto a ti, mas é como não me tivesse sentado pois tu nem olhas para mim. Roubo um cigarro dos teus, pois sei que não te importas. Nunca te importaste. Esboças um sorriso e acendes, também tu, outro cigarro.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

lançamento da ups! 3 parte II

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Tim Buckley – Song to the Siren


Sem me aperceber estás encostada a mim. Tens a tua cabeça no meu ombro, enquanto continuas a falar com alguém: um amigo, talvez. Olho para o bar e faço o sinal de sempre. Duas cervejas e dois shots, como nos filmes de cowboys. Tiro-te um cigarro. Sempre gostei de fumar dos teus cigarros. Tu: nunca te importaste, alimentavas-me o vício como quem alimenta uma fogueira com livros. As bebidas chegam. Ris alto. A noite ainda nem a meio vai.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Massive Attack – Angel


Se a noite fosse uma música ela seria esta música, dizes junto ao meu ouvido. Eu pego no copo e bebo mais um pouco e depois fumo do teu cigarro. Não sei onde a noite irá terminar. Mas sei que não termina aqui.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

The Stranglers – Golden Brown


A noite é um barco ébrio, mas Rimbaud não é para aqui chamado, embora um livro dele esteja sobre a mesa rodeado de copos vazios de shots. Ele deveria achar piada à situação. Pegas num cigarro. Acendê-lo e dizes-me que Verlaine seria um poeta menor, não fosse o encontro com o outro poeta que não é para aqui chamado. Discordo e argumento. Mas o meu argumento embate contra o fumo do teu cigarro. E contra isso não há nada a fazer.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

The Verve – Star Sail


Lá fora está frio, mas isso agora não interessa. Aqui estamos mais uma vez de copo na mão, a olhar um para o outro. Hoje deu-nos para o silêncio, para a contemplação. Já não há pipocas salgadas. Penso: fui eu que as comi, pois tu ainda não largaste o cigarro. Nem o copo. Às vezes dá-te para isso: para fumar e beber como se amanhã o mundo acabasse. Talvez seja essa a razão que ainda te prende aqui: queres ver o fim do mundo, caso ele amanhã acabe.

domingo, 9 de novembro de 2008

Jefferson Airplane - White Rabbit


Os meus olhos estão vermelhos devido ao fumo do teu cigarro. Insistes em atirar-me fumo para a cara. Só mais tarde, e foi demasiado tarde, aprendi o que isso queria dizer. A música está alta como sempre. Mas aqui nunca reclamamos por isso acontecer. É que a música que está a dar é sempre a nossa música: seja ela qual for: é sempre a nossa música. Alguém traz pipocas com sal e o mescal que pedimos. Falta o limão. Não importa (dizes), vai assim mesmo. E nunca chego a beijar-te a boca.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Feelings...

É triste não ter voltado a haver um sítio onde se sirvam finos com pipocas salgadas!!!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A noite...

Daquela noite, lembro-te do teu sorriso e das coisas que me segredaste. Lembro-me da maciez do teu toque, do reflexo da (pouca) luz na tua pele, do brilho nos teus olhos...
Lembro-me do calor da tua proximidade, da frescura dos teus lábios, que dividi com um Gin Tonic. Da confusão de sentimentos, do turbilhão de emoções. E tu, lembras-te?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Saberás como pode ser, assim?

Descer as escadas e contar as músicas à tua espera? Beber uma cerveja atrás de outra sempre com o olhar na porta? O palpitar acelerado sempre que esta se abria, o desânimo de quando não eras tu e o júbilo de quando por fim entravas? E a surpresa fingida e a normalidade encenada, quando o que me apetecia dizer-te era vamos fugir os dois, e ficar aqui para sempre?

lançamento da ups! 3 parte I

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Porto Seguro

Como muito bem disse o Sérgio num post anterior, que falta nos faz o Zincos! O Zincos foi, numa determinada altura da minha vida - ainda sem compromissos familiares, apenas comprometido comigo próprio e com os meus amigos - um Porto Seguro. Eu explico: quando tudo o resto falhava, podíamos sempre contar com o Zincos. Abriam bares, fechavam bares, inauguravam-se novos bares, bares da moda, bares antigos, etc. Mas naquelas noites em que tudo parecia "chunga", "fraquinho", em que um gajo ficava farto de tudo e de nada, havia sempre o Zincos.
Há muito tempo que lá não entro - penso que nesta última fase (leia-se última gerência) nunca lá cheguei a entrar. Por isso, as minhas memórias são já de há algum tempo. Lembro-me sempre das noites de Inverno, frias, com aquela névoa que resulta do frio e da humidade, de chegar ao "edifício do Prolar", descer aquelas escadas - que na primeira vez foram intimidantes - encontrar aquela porta de aspecto maciço, aguardar naquela espectativa de ir para o bas fond da noite, e depois entrar num sítio em que a música, a decoração, o ambiente de cave, a música, eram irrepetíveis. É assim que me lembro dele... Com saudade.
Por outro lado, também no campo dos afectos tenho grandes memórias do Zincos e ficarão inevitavelmente na minha memória algumas noites que por lá passei: frenéticas, de boa disposição, de chegar ao fim da noite com a sensação que chegámos sós e saímos dali com um batalhão de amigos. Mas essas histórias ficarão, quiçá, para um post futuro.
Se o Zincos fechou, a culpa é sem dúvida dos que tentaram silenciar o Torpedo. Porto-riquenhos de merda!!!...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

fim de ano 05-06 parte II

sábado, 18 de outubro de 2008

A pestilência

Há umas semanas fui (em desespero de causa e pela última vez) a um bar pestilento chamado Catedral e quando saí, quinze minutos depois de entrar, pensei: merda, já não temos o Zincos.

Consumo obrigatório

Pois bem, saia um post com pipocas! Que bem que se cá está, num ciberzincos herdeiro do outro, o que fez história, a escola da noite de três gerações, a caverna onde as sombras só apareciam à saída, enquanto a luz se ia cozinhando lá dentro, sim, o balastro ignidor, o tapume da inquietação, uma capela em honra da névoa que se quer antes mas não depois, uma capela escavada e não erguida, o lado B da cidade, a fábrica de aranhas, com um eco fantasmagórico de Tom Waits nas entrelinhas, o fumo embutido na BD do "Torpedo", lá atrás, o último copo que nunca era o último, o anúncio da festa, os maus hábitos e as falsas surpresas, esse mesmo, o tal. Ainda. "Olha, por cá? Quem diria?"

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

passagem de ano 05-06 parte I

Experiência

A primeira vez que aqui entrei bati com a cabeça, apesar dos avisos das vozes roucas.